A gama de opções para a construção do roteiro é grande. Embora muitos acreditem que o Caribe é um país, o nome, na verdade, remete a uma porção de territórios soberanos, como a Jamaica, e territórios dependentes de outras nações, a exemplo das Ilhas Virgens Britânicas. Essas terras são subdivididas em quatro regiões: Lucayan, Pequenas Antilhas, Grandes Antilhas e a famosa ABC, integrada por Aruba, Bonaire e Curaçao.

Ao todo, a imensidão caribenha conta com cerca de 7 mil ilhas, espalhadas por uma série de estados e territórios. Pelo menos 30 são habitadas e recebem turistas regularmente. Descobertas por povos indígenas, colonizadas por europeus e americanos e povoadas por escravos africanos, elas sintetizam as peculiaridades de diferentes culturas do mundo. 

A mistura, aliada às belezas e à hospitalidade da região, fazem do Caribe um destino perfeito para relaxar, viver um romance, curtir os amigos ou se aventurar na natureza. Mas, fique atento. Para não correr o risco de enfrentar furacões e tempestades, o ideal é ir entre dezembro e junho, já que, de julho a novembro, a região, à exceção das terras mais ao sul, entram na temporada típica desses fenômenos climáticos. A seguir, saiba mais sobre os principais destinos caribenhos.

Jamaica

Localizada nas Grandes Antilhas, a Jamaica faz jus às palavras usadas por Cristóvão Colombo para descrevê-la em 1494: “É a ilha mais bonita que meus olhos já viram”. O encantamento do navegador é facilmente compreendido após uma visita às praias da cidade de Montego Bay. Conhecida pelas frondosas palmeiras que a circundam, a Doctor’s Cave Beach tem areia fina e água rasa, calma e morna. 

É, portanto, ideal para famílias com crianças. Já em Port Antonio, a Frenchman’s Cove Beach rouba olhares, graças à floresta nativa e à ligação entre o mar e um rio de águas transparentes.

A terceira maior ilha do Caribe também é destino certo para quem gosta de desbravar a natureza. A lista de paradas imperdíveis inclui a região de Ocho Rios, que abriga Dunn’s River Falls, uma série de cascatas cujas correntezas desembocam em uma praia. É possível curtir o passeio entre mergulhos nas cachoeiras, descidas em tirolesas e a travessia de uma ponte suspensa. A apenas 5 minutos de distância do píer, passeios ainda mais emocionantes aguardam os turistas. A Mystic Mountain, por exemplo, garante três formas diferentes de explorar o ambiente. A primeira é por meio do SkyExplorer, um teleférico de última geração que leva os mais ousados a mais de 200 metros de altura para apreciar uma vista deslumbrante da mata à beira-mar. O Bobsled, por sua vez, permite que se atravesse a paisagem em trenós. Por último, a tirolesa atende aos não convencionais. 

A leste da cidade, empolgue-se com o White River, um curso d’água em que turistas costumam praticar rafting, mas não nos tradicionais botes infláveis, e, sim ,em excêntricas superfícies de bambu.

Embora a natureza seja o astro do solo jamaicano, não há como deixar a ilha sem desbravar a história de Bob Marley, do reggae e do movimento rastafári. Para saber mais sobre o cantor que arrastou multidões, visite o museu que lhe tomou emprestado o nome. Ele está sediado em Kingston, capital e principal centro cultural do país. Faça uma parada também no Bob Marley Mausoleum, localizado no alto das montanhas. Lá é onde o artista nasceu e também onde está enterrado. A casa conta com um acervo de guitarras, prêmios e fotografias.

Entre os programas recomendados a quem conhece o país, está, sem dúvidas, tirar um tempo do dia para desfrutar da culinária local, que tem como carro-chefe o jerk chicken – frango marinado em uma mistura de especiarias e, posteriormente, assado e defumado. A comilança tem de ser acompanhada pela cerveja regional Red Stripe.

O “ABC”

Não há como falar em Caribe sem lembrar da tradicional rota dos sonhos – o ABC, formado por Aruba, Bonaire e Curaçao. Localizadas ao norte da Venezuela, essas ilhas são cinematográficas – e não apenas pelo mar azul-turquesa. Ali, pode-se nadar ao lado de golfinhos que saltitam próximo às praias, ver de perto as inigualáveis “árvores tortas” e fotografar flamingos de plumas rosas. Pela proximidade, os três pequenos países podem ser inseridos no mesmo roteiro. O trajeto, porém, deve ser feito de avião.

Cercada por águas calmas e cristalinas, a neerlandesa Aruba tem praias perfeitas para a prática de windsurfe e kitesurf – a península, aliás, é palco de campeonatos anuais desses esportes.

Baby Beach ostenta o posto de point mais badalado da região, mas é Eagle Beach, onde se espalham as tartarugas, a responsável pelo olhar de deslumbre dos turistas. Para um dia inteiro de diversão, aposte em uma visita a Palm Island, uma ilhota all-inclusive, com restaurante e bares, banana boat e um criadouro de flamingos. Já as melhores lojas e boates ficam em Oranjestad, a colorida capital, apelidada de “One Happy Island”.

Bonaire, por sua vez, também conhecida como “Ilha de Brasil”, orgulha-se do título de paraíso caribenho do mergulho, com mais de 60 pontos de submersão de até 50 metros.

Não à toa, é um dos lugares preferidos de entusiastas dessa prática, como a pernambucana Karol Meyer, recordista mundial de apnéia. Mas há muito mais a se fazer por lá, como um passeio pelo centro comercial de Kralendijk, a capital, e uma visita a Rincón, a primeira cidade construída pelos espanhóis, no século XVI. Outra alternativa é percorrer o Washington Park, um verdadeiro santuário que abriga uma infinidade de pássaros, como os papagaios. 

Curaçao, por sua vez, é famosa por conquistar os amantes dos animais. Ali, o Sea Aquarium promove shows de golfinhos e garante espaço para o nado ao lado de arraias e tubarões. Além disso, como lar do Curaçao Blue, o Estado oferece tours pela fábrica do licor, onde os visitantes podem acompanhar o seu engarrafamento e fazer degustações.

Punta Cana

Mais tradicional destino da República Dominicana, Punta Cana faz parte da wishlist de boa parte dos turistas que planejam conhecer o Caribe. Com mais de 48 quilômetros quadrados de costa, o distrito ganhou notoriedade pelo amplo número de resorts que oferecem acesso a águas privativas idílicas, atividades de lazer exclusivas, bares estonteantes e muito conforto. Fora das acomodações, há uma infinidade de programas a serem explorados – sobretudo se a sua intenção for imergir na cultura local.

A região de Bavaro ostenta o melhor dos dois mundos. Nas redondezas, albergues, hostels e apartamentos de temporada são tão tradicionais quanto resorts all-inclusive. A praia, claro, é democrática e não deixa a desejar no quesito recreação – entre os atrativos, estão parapente, festas em barcos de dois andares, snorkeling, windsurfe e mergulho em alto-mar. E quem só quer relaxar não fica na mão – massagens à sombra de palmeiras fazem parte do catálogo de opções. Para conseguir acesso a qualquer serviço, não é preciso fazer grandes deslocamentos. Em pleno desenvolvimento, a cidade conta com hospitais, shoppings, supermercados e excelentes polos gastronômicos.

Apontada pela UNESCO como uma das mais belas faixas litorâneas do Caribe, Macao é a aposta para quem busca tranquilidade. Situada em uma pequena vila rural, não tem acomodações — mas vale a visita pela paisagem de tirar o fôlego. Deserta se comparada a Bavaro, a praia de 5 km conta com dois extremos: um ideal para o mergulho em águas pacatas e o outro propício para o surfe. Na areia, restaurantes servem frutos do mar com o marcante tempero dominicano e uma vista privilegiada para os pequenos barcos que ancoram nas proximidades. Para se divertir, invista em passeios de buggy pelas dunas ou na prática de stand up paddle. E, se você não quiser abrir mão de luxo, aposte na hospedagem em Cap Cana, um condomínio fechado de resorts.

Porto Rico

Tracejado sob a influência da colonização espanhola e privilegiado por uma composição natural única, Porto Rico não é apelidado de Ilha do Encantamento à toa. O arquipélago, dependente dos Estados Unidos desde 1898, é formado por mais de 300 praias e 19 florestas, e foi palco de acontecimentos históricos que deram origem a uma cultura pujante. A riqueza explica a sua ascensão no turismo global.

A iconicidade do arquipélago é flagrada a distância. O imponente Castillo San Felipe del Morro, muitas vezes conhecido apenas como “El Morro”, rouba a cena com facilidade. Em seis andares, seu interior é dividido entre seções que recriam quartéis, cozinhas e outras instalações usadas por soldados séculos atrás. Próximo dali, chama a atenção La Fortaleza, a casa do governador, construída em uma área toda murada. Na outra extremidade da ínsula, ao sul, o Museo de Arte de Ponce exibe, em diversas galerias, mais de 4 mil obras de europeus como Velázquez e Lichtenstein.

Depois da viagem pela história porto-riquenha, que tal imergir no verde? Os aventureiros de carteirinha costumam ser conquistados pela Floresta Nacional de El Yunque, na qual dezenas de trilhas pavimentam o caminho para cachoeiras e piscinas naturais. Uma das mais procuradas é a que leva ao Monte Britton. Classificada como “desafiadora” pelo Sistema Florestal dos EUA, a caminhada leva 45 minutos. O esforço vale a pena – do alto da torre, os visitantes são brindados com vistas panorâmicas da vegetação, do Oceano Atlântico e do Mar do Caribe. Fora dali, não deixe de prestigiar os imponentes cânions, como o Cañon de Tanamá, onde estão disponíveis atividades como rapel, caminhadas e rafting. À noite, suspire com a Mosquito Bay, a baía com mais bioluminescência (transformação da energia de moléculas orgânicas em energia luminosa) no mundo.

Ilhas Virgens Britânicas

A leste de Porto Rico, as Ilhas Virgens Britânicas são um espetáculo à parte. Vinculado ao Reino Unido e situado próximo aos Estados Unidos, o arquipélago de 60 ilhas impressiona pela conservação dos biomas naturais e pela mescla cultural. Não por acaso, tem como habitués alguns dos nomes mais influentes do mundo, a exemplo de Barack Obama e Beyoncé. 

Para desbravar a imensidão paradisíaca, nada melhor do que o transporte oficial da região: os barcos. Ancore à porta de entrada. Tortola, casa da capital, Road Town, ganhou fama por ter a maior frota de hotéis flutuantes do mundo. O snorkeling desponta entre as principais opções de lazer da ilha – impossível, aliás, não se apaixonar pelos corais durante um mergulho na Smuggler’s Cove. Os encantos da ilha podem ser descobertos, ainda, em passeios de remo pelas florestas de mangue de Beef Island. Nesse local, a água cristalina permite uma vista privilegiada dos peixes e de outras espécies marinhas. À beira-mar, o parque Queen Elizabeth II ostenta instalações recreativas tanto para adultos quanto para crianças e é perfeito para um piquenique ao pôr do sol.

Tão espetacular quanto Tortola, Virgin Gorda é a ilha mais “exclusiva” do arquipélago. Também, pudera. Nas redondezas, a charmosa The Bath, praia localizada no Devil’s Bay National Park, rouba suspiros por suas águas cristalinas envoltas por granito nas cores púrpura, cinza e rosa, em um ambiente propício para longos e relaxantes banhos de mar. Para quem busca tranquilidade, Savannah Bay Beach é a escolha certa – a faixa de areia branca, rodeada por uma rica flora, costuma ser deserta. Em North Sound, um dos maiores portos naturais do mundo, luxuosos iates de figurões internacionais tomam o horizonte. Não deixe de visitar, ainda, Anegada, Jost Van Dyke, Peter, Norman ou Necker Island.

St. Martin

No nordeste do Mar do Caribe, uma ilha de apenas 96 quilômetros quadrados desperta a curiosidade de turistas – e não somente por suas belezas naturais. As terras são, de um lado, francesas (St. Martin) e, do outro, holandesas (St. Maarten). Essa característica lhe garante o título de menor território contínuo governado, ao mesmo tempo, por dois países. A combinação, como não poderia deixar de ser, resulta em uma pluralidade cultural, gastronômica e linguística sem igual. 

A área pertencente à França tem ares calmos e menus sofisticados. A de domínio holandês, por sua vez, convida os visitantes a badalar e apostar em cassinos. O trânsito entre os dois lados da ilha é livre. São, ao todo, mais de 30 praias. Se não puder conhecer todas, inclua no roteiro Orient Beach, a mais famosa. Dividida por um paredão de pedras, ela conta, de um lado, com um clube nudista e, do outro, com a prática de atividades tradicionais em alto-mar. Aos mais ousados, a Baie Longue, localizada dentro de um condomínio, reserva um paredão do qual é possível pular rumo às cristalinas águas do oceano.

Lembre-se de que, ali, a diversão e a emoção começam antes mesmo de o avião tocar o solo, pois as aeronaves, no momento do pouso, passam bem perto do mar e dos turistas de Maho Beach, localizada ao lado do Aeroporto Internacional Princess Juliana. O Sunset Bar and Grill é um dos melhores pontos para fotografar o momento, caso você não tenha coragem de fazê-lo na praia.

San Andrés

Dona do mar de sete cores, San Andrés, sede do arquipélago formado por Providência e Santa Catalina, esbanja autenticidade e charme. A pouco mais de 700 km da costa colombiana, orgulha-se por sua biodiversidade sem igual – suas águas abrigam, por exemplo, a Reserva da Biosfera, uma das maiores barreiras de corais das Américas. E como se não bastassem os tesouros ecológicos, ela é uma das opções mais acessíveis em termos financeiros. A combinação, portanto, a coloca no mainstream turístico caribenho.

Não há como se deleitar na ilha sem passar por Spratt Bight, a parte da orla mais conhecida no lugar. O oceano é calmo e claro e, portanto, propício para banho. Um calçadão abarrotado de restaurantes e lojas de presentes, conhecido como o “peatonal”, faz a alegria dos estrangeiros. Próximo dali, embelezada por altos coqueiros e um mar azul-celeste, seduz Johnny Cay, um dos cartões-postais do território colombiano. Entre os locais mais procurados, está ainda o Aquário, uma ilhota de águas cristalinas em que circulam peixes grandes e arraias – de lá, pode-se caminhar por cerca de 200 metros por dentro do mar para praticar snorkeling em Haynes Cay.

San Andrés é rica também em história. As suas ruas reservam boas atrações para os amantes de contos de piratas, que, segundo as lendas, saqueavam navios e cidades inteiras. É o caso da Caverna de Morgan, que narra as façanhas de Henry Morgan, o “Rei de Todos os Piratas” – muitos acreditam estar a fortuna do notório assaltante enterrada na propriedade. A ilha costuma igualmente ganhar o coração daqueles que adoram ir às compras – como o porto é livre de impostos, perfumes, bebidas, chocolates e eletrônicos saem em conta. Em meio às andanças, não se esqueça de provar o rondón, prato com peixe, carne de porco, moluscos, banana-da-terra e leite de coco. O sabor ficará marcado por muito tempo em sua memória.