Jampa “cult” - Revista Meu Clube Bancorbrás

Jampa “cult”

Jampa “cult”
Arte e história fazem de João Pessoa uma pequena gigante do patrimônio cultural brasileiro
29 de fevereiro, 2024

Cabo Branco, Tambaú, Picãozinho, Manaíra, Bessa, Intermares, Poço, Camboinha. As praias de João Pessoa sempre são uma boa pedida quando o assunto é férias, oferecendo paisagens deslumbrantes para momentos inesquecíveis. Mas, para além das fascinantes areias douradas e águas serenas que beijam a costa, a capital paraibana, ou Jampa, como também é carinhosamente conhecida, reserva muitos tesouros que merecem ser descobertos.

Praia de João Pessoa

Um roteiro cheio de identidade

Não duvide: a cidade transcende as margens das suas belas praias, encantando igualmente os visitantes com sua história, cultura, arte, tradição e natureza. O combinado, rico em brasilidades, se materializa em experiências de viagem memoráveis, celebradas por turistas de todos os cantos, em todas as épocas do ano. Quem já foi, atesta: João Pessoa é mesmo um baú de riquezas. E são muitas. Reconhecida como uma das mais antigas do país, a terra do célebre escritor Ariano Suassuna está, hoje, entre os destinos mais procurados no Nordeste para turismo histórico e cultural. Sem contar com a infraestrutura muito bem desenvolvida e a hospitalidade, que configura um patrimônio singular. Garantia certa de dias leves e sem aperreio. Dificuldade? Só para as escolhas, diante de um mosaico fascinante de atrações mais que convidativas.

Na busca por um roteiro fora do convencional, o ponto de partida é o centro histórico. A área é um labirinto de becos clássicos, mergulhada em reminiscências coloniais e imbuída de uma aura atemporal, um legado expressivo da rica história paraibana. Não é de se estranhar que, em 2007, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o reconheceria como patrimônio histórico nacional. Suas ruas estreitas com pisos de paralelepípedos são parte da estética pitoresca, uma espécie de trilha que conduz a uma viagem no tempo, com direito a um conjunto arquitetônico que segue os estilos barroco, rococó, maneirista e art nouveau. São casarões, igrejas, museus, praças e uma atmosfera única, tudo muito bem preservado para um mergulho nas raízes da cidade.

O Centro Cultural São Francisco, @centroculturalsaofrancisco, é um dos ícones, considerado o marco zero de João Pessoa, a partir de onde se desenvolveu a capital paraibana. Foram 181 anos até a sua inauguração, tendo a construção se iniciado em 1589. Não há dúvidas de que valeu a pena. O testemunho vivente do barroco no Brasil inclui a Igreja e Convento de São Francisco, a Capela da Ordem Terceira
de São Francisco, a Capela de São Benedito, a Casa de Oração dos Terceiros, conhecida também como Capela Dourada, o Claustro da Ordem Terceira, uma fonte e um grande adro com um cruzeiro. Um conjunto extraordinário de edificações que se destaca como epicentro de cultura, história e arte.

Emblemática, a Igreja de São Francisco está entre as atrações mais visitadas. O local tem grande valor religioso e conta com um espaço de devoção e culto que se perpetua ao longo dos séculos, certificando a fé da comunidade. Mas não é só a importância espiritual que atrai visitantes. A joia arquitetônica do Centro Cultural São Francisco chama atenção, já à primeira vista, por sua majestosa fachada barroca.

O interior é uma profusão de detalhes ornamentais, com talha dourada, pinturas sacras e esculturas que narram passagens bíblicas. Azulejos portugueses, comuns nas igrejas coloniais, adornam os painéis, contando histórias por meio de suas representações artísticas. Minuciosidades que refletem a maestria dos artesãos do século XVIII, quando foi construída.

A Capela Dourada brilha, literalmente, em um misto de esplendor e reverência em folhas de ouro presentes das paredes ao teto. Já o oratório, com sua abóboda suntuosa e vidraças coloridas, é uma tela viva que desperta fortes emoções.

Centro Cultural São Francisco - João Pessoa

Parque Sólon de Lucena

Partindo do Centro Cultural São Francisco, a dica é seguir para o Parque Sólon de Lucena, que fica na mesma região. Meticulosamente projetado, o antigo sítio pertencente ao domínio dos jesuítas é, hoje, um dos recantos mais bonitos de Jampa, com o traçado paisagístico original de Burle Marx. Um verdadeiro refúgio urbano com exemplares de pau-d’arco e de outras árvores da reserva da Mata Atlântica, além de belas palmeiras imperiais.

O cartão-postal, com justiça, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), um reconhecimento à beleza de seus jardins, dotados de caminhos sinuosos, pontes graciosas e uma fascinante lagoa, que ajuda a ornamentar o parque. Um convite inegável à conexão com a natureza, seja em caminhadas ou passeios de bicicleta.

PARQUE SÓLON DE LUCENA

Mercado de Artesanato Paraibano

O Mercado de Artesanato Paraibano é mais um dos pontos obrigatórios para visitação. A 23 km de distância do centro histórico, o MAP, como também é conhecido, parece mesmo um shopping de arte. O prédio, em estilo colonial, tem dois pavimentos, 128 lojas e dois quiosques. Um paraíso no qual é possível encontrar redes, mantas, cerâmica, trabalhos em madeira, crochê, arte em fuxicos, joias artesanais, esculturas e artes plásticas em geral, além de outros tantos artigos que revelam a riqueza da tradição local.

A criatividade é vista, ou melhor, degustada, ainda, em saborosas guloseimas, como o alfenim, um suspiro de rapadura que derrete na boca, e em pratos típicos servidos nas barracas, a exemplo da tapioca e da buchada de bode, iguarias da região. Autenticidade que vale a pena provar.

MERCADO DE ARTESANATO PARAIBANO

Estação Cabo Branco

Presentes e compras garantidos, é hora de conferir as maravilhas da Estação Cabo Branco, que fica no topo de uma falésia, entre as praias de Cabo Branco e do Seixas, a 15 minutos do MAP. O ponto turístico é um universo de ciência, cultura e arte, projetado por ninguém menos que o arquiteto Oscar Niemeyer. O retrato não poderia ser outro: linhas contemporâneas em uma estrutura que encanta visualmente, tudo para abraçar a missão de promover a disseminação do conhecimento de maneira acessível e inspiradora.

Moderno e multifuncional, o complexo arquitetônico é formado por cinco edifícios, em um total de quase 9 mil metros quadrados de área construída. São salas de exposição com luz natural, anfiteatro para shows ao ar livre, loja de souvenir, restaurante, café e um anfiteatro, onde fica um painel do artista plástico Flávio Tavares. Entre outras obras, duas esculturas do pernambucano Francisco Brennand também podem ser vistas por lá.

ESTAÇÃO CABO BRANCO

Parque Zoobotânico Arruda Câmara (BICA)

Contato com a natureza em meio à urbanidade? João Pessoa oferece. O Parque Zoobotânico Arruda Câmara, que fica a 28 minutos da Estação Cabo Branco, é prova disso. Popularmente chamado de Bica, em virtude de uma fonte natural de água potável, ele é uma opção de passeio perfeita para quem não abre mão de experiências ecológicas.

Os cerca de 500 exemplares da fauna, de 80 espécies, e uma infinidade de plantas da flora brasileira fazem do lugar um oásis de biodiversidade.

Além de contemplar o cenário, os visitantes podem interagir com alguns animais, participar de atividades ecoeducativas e se aventurar em trilhas. Piqueniques também são comuns na área, dando ainda mais charme ao passeio.

Não restam dúvidas, João Pessoa é mesmo um destino imperdível no Nordeste brasileiro. Sol, mar, cultura, história e arte.

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