Argentina: um país de contrastes e belezas naturais - Revista Meu Clube Bancorbrás

Argentina: um país de contrastes e belezas naturais

Argentina: um país de contrastes e belezas naturais
Argentina, cidades clamorosas, vastos pampas, vinícolas sublimes e uma impressionante fauna marinha. Há muitos motivos para você se encantar
5 de maio, 2023

Quando falamos em Argentina, é comum pensarmos instantaneamente em sua capital. E não faltam razões para o fascínio. Buenos Aires teve detalhes de suas esquinas e seu povo eternizados em dezenas de versos de músicas e poemas ao longo das décadas. O elegante bairro de Recoleta, a “Paris portenha”, reúne suntuosos museus e centros culturais de traços sofisticados. Puerto Madero serve pratos tradicionais, como a suculenta parrilla, e deleita os visitantes com espetáculos de tango. San Telmo garante memórias para uma vida inteira em uma rica feira de antiguidades. Mas, apesar de magnífica, a metrópole, carimbada nos passaportes de milhares de brasileiros, está longe de ser o único destino capaz de arrancar suspiros em solo portenho. Autêntica, a Argentina é atraente em todas as estações do ano, especialmente no verão, quando paisagens comumente associadas ao frio e à neve revelam novas cores e belezas, que surpreendem até mesmo os turistas mais experientes. Não bastasse a proximidade com o Brasil, a arrebatadora gastronomia e a moeda acessível, a entrada no país, para nós, é totalmente desburocratizada, sendo necessário portar apenas o RG. Pronto para arrumar as malas e embarcar?

Histórico e encantador norte

Conhecida como a última província do país, em razão da sua proximidade com as fronteiras do Chile e da Bolívia, Jujuy destaca-se pela imponente paisagem montanhosa de coloração diferenciada. A Quebrada de Humahuaca simboliza, como nenhum outro atrativo, a singularidade do local. Ela abriga, em uma série de pequenas cidades, riquezas naturais e culturais. Um dos seus municípios, Maimará, tem como cartão-postal a Paleta del Pintor, uma montanha que mistura tons como salmão, ouro, marrom e verde, e o inusitado Cementerio Nuestra Señora del Carmen, além da Bodega Fernando Dupont, um dos mais conhecidos vinhedos da região.

Já Tilcara ostenta, entre suas joias, a Garganta del Diablo, uma belíssima cachoeira que deságua no Rio Huasamayo. O sítio arqueológico Pucará, em seu turno, estampa ruínas de construções que revelam parte da cultura pré-hispânica da região, rodeada por cactos de tamanhos variados. Em Purmamarca, a atração principal é o segundo maior deserto de sal do mundo: Salinas Grandes. O espaço rende fotos incríveis, sobretudo após as chuvas, quando espelhos d’água ajudam a criar ilusões de ótica. A cidadela é lar, ainda, do instagramável Cerro de los Siete Colores, que tem como marca a policromia resultante da mistura de sedimentos marinhos, lacustres e fluviais.

Também ao norte, a cerca de 92 km da capital de Jujuy, Salta desponta como paraíso dos afeitos ao turismo convencional. O charme do lugar está no seu conjunto de construções de estilo colonial, conhecido como “La Linda”. Cercada por palmeiras e jacarandás, a Plaza 9 de Julio, agraciada com um monumento equestre de Antonio Álvarez de Arenales, consagra-se como um dos principais points do local.

Nas proximidades, ficam duas paradas obrigatórias para os religiosos e os apreciadores de arquitetura. Com pórticos nas cores terracota e marfim apoiados em colunas brancas, a icônica Basílica de San Francisco tem a maior torre sineira da América do Sul. O templo dá acesso ao convento homônimo, aberto para visitas noturnas guiadas uma vez por mês. Já a Catedral de Salta, de arquitetura barroca, é ainda mais antiga e guarda, em seu santuário, imagens da Virgem dos Milagres. Lá está também o Panteão das Glórias do Norte, onde ficam os restos mortais de heróis nacionais.

Além disso, não faltam museus. Um deles é o Arqueológico de Alta Montaña, com coleções sobre cerimônias incas realizadas em picos dos Andes. Já o de Bellas Artes é dedicado à cena saltenha moderna. Apesar do estilo urbano, a província não deixa na mão os amantes da natureza. O Cerro de San Bernardo preserva riquezas arqueológicas únicas. Ali, as belezas da fauna e da flora podem ser apreciadas ao longo dos 1.070 degraus que levam ao topo do parque. Não falta o que fotografar: pelo menos 147 espécies de aves voam entre as árvores.

Outra preciosidade regional é o Parque Nacional Los Cardones, esculpido por colinas, serras e vales, em seus 650 quilômetros quadrados de extensão. O local é inconfundível: por lá, são comuns os saguaros argentinos, uma espécie de “cacto gigante”. Próxima parada: Tucumán, um dos mais importantes municípios do noroeste da Argentina, e onde foi declarada a sua independência. Cravada diante da grandiosa Sierra del Aconquija, a província é apelidada de “Jardín de la República”. As ruas da capital, San Miguel, são um espetáculo, com a explosão de cores garantida pelas flores. O itinerário inclui o Museo Nacional de La Independencia, que conta com uma coleção de 700 peças, entre armas, louças e pinturas religiosas, além de uma biblioteca abastecida com 500 volumes, e o Edificio del Correo, com sua chamativa arquitetura medieval. Mas o seu carro-chefe é a natureza. O Parque Sierra San Javier, que garante uma vista abrangente, reserva trilhas incríveis. Uma delas, guiada pelo Rio Noque, termina em uma cachoeira de águas cristalinas. Lá, a Reserva Horco Molle, um centro de referência em reabilitação da vida selvagem, serve de refúgio para animais resgatados, como cervos, tartarugas, raposas e macacos.

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Legado: pirâmide em Pucará de Tilcara, construída em 1935 em homenagem aos arqueólogos que trabalharam na região. Ao lado, vista de Purmamarca a partir das suas incríveis montanhas coloridas
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Natureza: A Garganta del Diablo, em Tilcara, é uma cachoeira de tirar o fôlego
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Salinas Grandes: piscina de água salgada cujo lago de origem remonta a 5 milhões de anos

A charmosa Mendonza 

Aos pés da arrebatadora Cordilheira dos Andes, Mendoza é um trato para os olhos e o paladar. A província, que concentra 75% do total de vinhedos da Argentina, tem o título de centro viticultor mais importante da América, sendo também conhecida como “terra do sol e do bom vinho”. O território pode ser dividido em cinco grandes sub-regiões, que outorgam características particulares. A principal delas é a central. Em Luján de Cuyo, a maior parte das videiras faz crescer uvas tintas, com protagonismo da casta Malbec. Maipú, por sua vez, divide suas terras entre vinícolas e olivícolas. Valle de Uco é outra zona produtora, a mais nova da província, mas já obteve reconhecimento por seus Merlots e Pinot Noirs.

Os passeios garantem uma imersão nos setores de produção e colheita e uma degustação harmonizada com deliciosos frios e canapés, sem contar com a paisagem, que, no verão, surpreende pela incrível beleza. Mas nem só de vinhos vivem os admiradores de Mendoza — a aventura também os move. A 180 km do centro, na imensidão do Parque Monte Aconcagua, a maior montanha do continente americano salta aos olhos. O pico, por óbvio, chama ao trekking, mas há, também, trilhas para turistas inexperientes. A mais curta delas, intitulada Circuito Laguna de Horcones, tem apenas 2 kms e pode ser feita em 1 hora.

O estado ainda é repleto de museus, como o Área Fundacional, que destrincha o passado colonial da cidade, e o Cornelio Moyano, que conta com exibições de ciência natural e antropológica. Para desanuviar, caminhe pelo Parque General San Martín, um dos maiores do país. O espaço de 307 hectares, tomado por árvores, plantas e pequenas fontes, é um verdadeiro oásis.

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Experiências: mo Parque Provincial Aconcagua, turistas aventuram-se em trilhas que atravessam paisagens fascinantes. Em San Rafael, a represa Los Reyunos conta com uma linda vista das montanhas. Nas vinícolas, a experiência é de muito sabor, com vinhos e carnes da região
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A imensa Patagônia 

Ao sul do continente, a arrebatadora Patagônia estende-se por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, entre a Argentina e o Chile. As atrações mais requisitadas ficam na terra dos hermanos, onde, em meio a contornos inesquecíveis, a paisagem é vasta, ostentando de fiordes e pradarias a geleiras e lagos.

Lá, existem seis províncias. Uma das mais famosas, Rio Negro, abriga Bariloche, que se reinventa a cada estação, mantendo-se interessantíssima inclusive no verão. É a época ideal para realizar o Circuito Grande, um passeio de cerca de 2 horas por bosques e estepes, passando pelos povoados Villa Traful e Villa La Angostura. E a cidade esbanja ainda outros encantos. O city tour pode ser feito por meio do clássico Circuito Chico, que garante uma imersão nas belezas da cidade. Ele bordeia o Lago Nahuel Huapi, levando cerca de 4 horas para ser completado.

A primeira parada costuma ser no Cerro Campanario, cujo topo garante uma vista panorâmica das redondezas. O transporte até o pico é feito por um teleférico. E não para por aí. O itinerário prevê um pit stop na Villa de Llao Llao, onde foi erguida a Capela San Eduardo, uma joia arquitetônica inspirada em elementos neogóticos. Em uma expedição à parte, visite a Ilha Victoria e o Bosque de Arrayanes. A primeira concentra uma charmosa trilha e pontos singulares de apreciação da natureza. O segundo, por sua vez, permite a contemplação de árvores com troncos cor-de-canela que, diz-se, inspiraram Walt Disney. No distrito ao lado, Neuquén transborda verde.

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ANDES: Cerro Campanario e uma das vistas mais impressionantes dos Lagos Andinos. À direita, as Cascadas del Agrio, na cidade de Caviahue

A cidade guarda o Parque Nacional de Lanín, que tem como chamariz um dos maiores clássicos do montanhismo sul-americano: o vulcão Lanín. Pela variedade climática, a reserva conta com uma infinidade de tipos de plantas: se, na zona norte, a água é ladeada por araucárias, no extremo sul alterna florestas de ciprestes e campos. A quantidade de habitantes também impressiona. No parque, é possível apreciar 102 tipos de aves e uma série de mamíferos, como pumas, cervos e javalis. O principal centro de esqui da cidade conta com 28 pistas e 12 teleféricos. De lá, há como espiar o Lago Lácar, uma das preciosidades de San Martins.

A melhor vista, porém, sem dúvida, é a do alto do Mirador Bandurrias ou a da Ruta de los Siete Lagos. Ao norte, Caviahue, um povoado encravado nas montanhas, encanta com as Cascadas del Agrio, quedas d’água entre rochas moldadas por manifestações vulcânicas e glaciações. O percurso de ida e volta é de 3,5 km – no verão, turistas costumam fazê-lo com calçados próprios para trekking, enquanto o inverno exige raquetes de neve. A alguns quilômetros, situada em uma falésia, Laguna Escondida, uma pequena lagoa natural, também arranca suspiros. Por ficar no alto das rochas, garante uma visão privilegiada do Vulcão Copahue. Ao extremo sul da Patagônia, Tierra del Fuego abriga a memorável Ushuaia, ponto mais austral do planeta.

O parque que toma de empréstimo o nome da província estende-se por 63 mil hectares e brinda os visitantes com um mar de opções. Além de observar animais únicos, como o pica-pau gigante, a raposa-vermelha e o ganso-do-mar, pode-se recorrer a atividades como caminhadas, canoagem guiada e pesca. Já os mais ousados podem desbravar até 40 quilômetros de trilhas, que variam em extensão e grau de dificuldade.

Um pouco mais longe, Puerto Almanza, uma pequena vila de pescadores, garante diversão e história. Lá, enquanto barcos de turismo ancoram, pescadores concentram-se na busca por caranguejos, moluscos e robalos. O trabalho abastece restaurantes à beira d’água, que, claro, apostam em pratos à base de frutos do mar. E não há como bater perna por Ushuaia sem uma parada no Tren del Fin del Mundo, que, no século passado, transportava presos da penitenciária de segurança máxima até seus trabalhos. O comboio atravessa 7 km do município e conta com um guia de áudio a bordo, promovendo uma viagem ao passado. Há apenas uma parada, na estação La Macarena, onde os passageiros, a partir de um mirante, vislumbram um antigo assentamento do povo yámana e o Vale do Rio Pipo.

Ainda na Patagônia, na região norte, destaca-se Puerto Madryn, o centro de serviços turísticos na costa e porta de entrada para a vasta Península Valdés, declarada como Patrimônio Natural da Humanidade em 1999. A cidade destaca-se pelas paisagens exuberantes e é reconhecida como paraíso da fauna marinha, um oásis com baleias, orcas, golfinhos, colônias de pinguins, lobos-marinhos e outros animais. Mas engana-se quem imagina que as atrações resumem-se à contemplação. Madryn ostenta o título de “Capital Argentina do Mergulho” e, no verão, a atividade atrai turistas de todos os cantos.

Nas águas cristalinas do Golfo Nuevo, há a possibilidade de se mergulhar e nadar com os leões-marinhos. E não se trata de uma prática restrita a profissionais. Os visitantes, com o auxílio de instrutores, também se divertem. No roteiro, também deve estar reservado espaço para uma visita ao Parque Nacional Valdés e às penínsulas Valdés e Mitre. No tour, vale inserir, ainda, uma visita ao Museo Provincial de Ciencias Naturales y Oceanográfico de Puerto Madryn. No circuito histórico-cultural, o Museo de Arte Moderno é uma das atrações imperdíveis.

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PARQUE NACIONAL: Passeios guiados de barco garantem a oportunidade de contemplar espécies da fauna local em seu habitat natural

A diversidade do litoral

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“Pantanal argentino”

É bem verdade que as regiões montanhosas argentinas remetem a cenários de filme, mas o litoral não deixa a desejar. No centro da Mesopotâmia, Corrientes, que pulsa originalidade e latinidade, impressiona. Do guarani “água brilhante”, o Parque Nacional Esteros del Iberá, coração da província, é visto como o “Pantanal argentino”. Banhado pelos antigos canais do Rio Paraná, a reserva tornou-se refúgio de jacarés, capivaras, veados-do-brejo e outras dezenas de animais de uma rica fauna.

Não faltam opções para explorar. Para além das formas convencionais – a cavalo, a pé ou de carro –, o passeio de caiaque aguarda os aventureiros. O trajeto pela água totaliza 20 km, ida e volta, mas a experiência do contato direto com a biodiversidade e o “extra” de ouvirem-se histórias e mitos sobre o lugar sobrepõem-se à extensão do percurso. Há quem prefira recorrer a canoas ou mesmo a lanchas. De qualquer forma, será inesquecível. Fora da reserva, a pesca esportiva é bastante popular. Com um litoral de mais de 750 km, o estado sedia torneios nos rios Paraná e Uruguai, onde vivem espécies como dourados e pacus.

As praias, que se espalham por entre as cidades de Patria, Ituzaingó, Empedrado, Bella Vista, Goya e Esquina também são concorridas. E não apenas para o descanso. Na alta temporada, os esportes tomam a cena e as águas são invadidas por catamarãs, parapentes e flyboats. As cidades conquistam, ainda, pelo espaço destinado à história. Pelas ruas da província, museus e galerias ostentam os contos da cultura indígena, a marca das missões jesuítas e as lutas pela independência. Entre suas preciosidades, estão os museus de Arte Sacra de Loreto e de San Miguel, além das Ruínas Jesuíticas de San Carlos. A cultura acompanha a vivacidade da província, com espetáculos locais do Carnaval e de Chamamé. As várias faces de Corrientes são uma tradução irretocável do espírito da Argentina: alegria para todos os gostos – e bolsos.

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Fauna: oásis do ecoturismo, a Patagônia abraça visitantes em solo e em seus rios

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