As singularidades naturais, arquitetônicas e culturais não são o único motivo para visitar as terras portuguesas. A viagem para lá tende a ser uma das preferidas dos brasileiros em razão dos seus custos — hospedagem, transporte e passeios são mais baratos do que na maioria dos demais integrantes da Zona do Euro —, do tempo de deslocamento a partir do Brasil e, claro, do idioma. Além disso, a culinária é um espetáculo à parte e fisga qualquer um, seja com pratos à base de peixes e frutos do mar, seja com doces característicos, como o famoso pastel de Belém.

Lisboa

No desembarque, a charmosa capital conquista à primeira vista, graças a seus coloridos prédios e casas distribuídos em enormes ladeiras, às calçadas de mosaicos em pedras, aos mirantes com vistas privilegiadas, ao som dos pássaros, às estátuas icônicas e aos imponentes monumentos históricos. Um dos primeiros pontos de parada é a Praça do Comércio, às margens do Rio Tejo, onde morava a família real. As edificações, pintadas em amarelo, abrigam hotéis e restaurantes. É lá que está o Café Martinho da Arcada, o mais antigo de Lisboa e que tinha, entre seus habitués, Fernando Pessoa.

Próximo dali, o elevador de Santa Justa, inaugurado em 1902, leva os turistas a se deleitarem com um mirante de 45 metros de altura, voltado à Baixa de Lisboa. Do alto, é possível avistar, inclusive, o Castelo de São Jorge, uma fortaleza construída no século XI para proteger a cidade dos romanos. O ponto turístico oferece uma série de atrações, como um sítio arqueológico repleto de objetos históricos, miradouros e uma exposição permanente. Coloque no roteiro, ainda, uma passagem pela Torre de Belém, que já foi usada como presídio e farol e, hoje, é parada obrigatória na capital portuguesa.

As belezas lisboetas podem ser desbravadas, ainda, a distância. Uma das opções, bastante romântica, é uma excursão de barco durante o pôr do sol. Ela permite explorar a cidade sob uma perspectiva diferente, fazer fotografias incríveis e ouvir sobre a história da terra-mãe — tudo isso com degustação de vinhos portugueses e ao som das pequenas ondas formadas pelo vento no Tejo.

Coimbra e Aveiro

Embora Lisboa seja apaixonante, não se prenda somente a ela. O centro de Portugal reserva experiências tão marcantes quanto as proporcionadas pela capital. O Mosteiro de Santa Cruz, onde fica o túmulo de D. Afonso Henriques, o primeiro rei do país, impressiona pelos painéis de azulejo, bem como pelos detalhes arquitetônicos. 

Próximo dali, seguindo pela rua que circunda a Sé Velha, caracterizada pelo coroamento de ameias e por um portal de clara influência islâmica, está a Universidade de Coimbra, principal cartão-postal da região. Depois de passar pela Porta Férrea, que dá acesso à faculdade de Direito, perambule pela Via Latina, escadaria que serve de palco para sessões locais de fado, e pela Capela de São Miguel, que funcionou como igreja do paço real. 

Às margens do Rio Mondego, deslumbre-se com a Quinta das Lágrimas, que testemunhou o romance proibido do rei Dom Pedro I com Inês de Castro — os seus jardins, aliás, conservam um canal conhecido como “Cano dos Amores”, por onde, de acordo com a lenda, a água levava as cartas trocadas entre os amantes. 

Aveiro, vizinha de Coimbra, de tão bela, ganhou o apelido de “Veneza portuguesa”. Seu centro histórico é cortado por canais onde flutuam pequenas e charmosas embarcações. A bordo delas, os visitantes passam por alguns pontos turísticos, como o Museu de Arte Nova. E por que não se deliciar, ainda, com o oceano? Uma das principais praias da cidade é a da Barra, famosa por abrigar um dos mais altos faróis de Portugal.

Em solo firme, as casinhas de Costa Nova guardam história — pescadores que moravam na região as pintaram para reconhecê-las de longe, antes mesmo de os barcos aportarem no cais. Hoje, algumas servem de moradia e outras viraram restaurantes, cafés e bares. Aliás, para os interessados em gastronomia, a cidade é um prato cheio. O sal de Aveiro, um dos mais famosos do mundo, pode ser conhecido em centros de produção locais, como a Marinha de Noeirinha e a Marinha de Passagem.

Porto

Inesquecível, Porto é a segunda maior cidade de Portugal e aquela que deu nome ao país. As suas casas coloridas e lojas de estilo vitoriano, tombadas como Patrimônio Mundial pela UNESCO, abrigam restaurantes e bistrôs charmosos e despojados.  O roteiro começa às margens do Rio Douro. A visita à Catedral Sé do Porto, cujo mirante proporciona uma vista panorâmica da cidade, é obrigatória. A apenas 2 km de lá, encontra-se a principal ponte da região, a Luiz I. Ao lado dela, a Ribeira do Rio Douro oferece dezenas de opções de alimentação e lojas de souvenirs.

O tour pelo centro é facilmente feito em um dia e deve incluir a Livraria Lello, cujas escadarias inspiraram parte da saga Harry Potter, e o Castelo de Cristal. O fim da tarde pode ser apreciado no alto do teleférico de Vila Nova de Gaia, município vizinho. Delicie-se com um prato típico: a Francesinha, sanduíche recheado com bife bovino, linguiça, salsicha fresca, fiambre (o nosso presunto) e queijo. À noite, a boemia de Porto ganha espaço nas Galerias de Paris. 

Vale do Douro

Não há como de fato conhecer Portugal sem degustar os vinhos que lhe dão fama. O Vale do Douro oferece o que há de melhor para o paladar dos apreciadores da bebida. Casa das vinícolas mais conhecidas do país, como a Quinta da Pacheca e a Quinta dos Murças, o local tira o fôlego não apenas pelo sabor do produto, mas também pelo cenário em que ele é servido: entre vinhedos, às margens do rio. Priorize realizar a viagem nos meses mais quentes do ano, entre maio e setembro, quando as folhas tomam cores vivas e as uvas são mais suculentas e vistosas. A experiência ficará marcada em sua memória pela vida toda.