Paisagens e delícias singulares, que ajudam a emoldurar uma obra de pura beleza, com cheiro de acolhimento e cor de alegria. Berço de Roberto Carlos, do jovem cantor Silva e do genial Rubem Braga. O Espírito Santo é leve e carrega com orgulho a cultura e história tecidas por seu povo miscigenado.

Na região Sudeste, o estado capixaba materializa experiências que não decepcionam, garantem os visitantes que já passaram por lá. A qualidade de vida, atestada por um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que está entre os mais altos do país, se reflete no encontro com as riquezas naturais da região. Mas a soberania fica mesmo a cargo da geografia, privilegiada em todos os sentidos da palavra: localização estratégica, clima agradável, com temperaturas médias entre 22° e 28°, e uma incrível diversidade de recursos naturais.

Não é difícil entender por que o turismo no destino cresceu quase 40% no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo trimestre de 2021, segundo o Boletim da Economia do Turismo Capixaba. Seja por obra do terceiro elo da Santíssima Trindade, seja por capricho sem medida do Universo, o Espírito Santo é divinamente encantador.

Guarapari

A “Guarapa” dos capixabas é, sem dúvida, o melhor ponto de partida para se conhecer o estado. A cidade com sotaque indígena fica a apenas 63 quilômetros da capital, Vitória, o que facilita a entrada dos milhares de turistas que buscam a região. Para quem não resiste a belezas naturais, o balneário é escolha certeira. São mais de 30 praias que oferecem águas mornas e cristalinas, areia fina e branca e coqueiros que emolduram um cenário cinematográfico.

Com cerca de 4 quilômetros de extensão, a Praia do Morro está entre o que Guarapari tem de melhor a oferecer para todos os públicos. Ao longo de toda a sua extensão, é possível experimentar ondas calmas e tranquilas, para toda a família, e também aquelas mais agitadas, ideais para a prática de esportes aquáticos. Enquanto o mar abraça banhistas e pranchas de surfe, a infraestrutura turística da orla convida a todos a badalação e o descanso, na mesma proporção.

Não à toa, a Praia do Morro é considerada a mais famosa da cidade. À disposição dos visitantes, estão uma rede hoteleira bem consolidada, lojas, supermercados, farmácias, restaurantes e quiosques; todo o necessário para uma estadia daquelas de guardar com carinho na memória. Na agenda de viagem, os passeios ofertados também têm lugar cativo. A descontração e a diversão estão garantidas nos banana boats, nas bikes, nos triciclos disponíveis para locação e, claro, nos barcos e escunas com rotas de até 5 horas de paisagens estonteantes.

A trilha pelo Parque Morro da Pescaria é um capítulo à parte, com direito a capa, contracapa e dedicatórias. Localizada no final do calçadão da Praia do Morro, a área de preservação ambiental conta com 73 hectares de Mata Atlântica, com grande diversidade de fauna e flora. A área, que é de fácil acesso, com estacionamento e sinalização, é um convite à contemplação. O espetáculo oferece uma visão em 360 graus da região a partir de um mirante natural, no topo do morro, acessado por meio de uma trilha íngreme e cercada por rica vegetação.

À altura de 190 metros, é possível ver toda a Praia do Morro e outras próximas, com suas águas cristalinas e areias douradas, além de ilhas como a Escalvada e a Raposa. Voltando o olhar para a cidade, os visitantes podem apreciar a Guarapari urbana, com seus prédios, ruas e avenidas. É possível assistir, ainda, ao encontro das águas do mar com a foz do Rio Benevente, que corta a cidade. A perspectiva final é de embevecer até os mais contumazes viajantes.

Partindo de carro, em um percurso de aproximadamente 15 minutos, chega-se à Praia de Peracanga, um vilarejo de pescadores tranquilo e agradável, imperdível para quem prefere faixas de areia mais reservadas e belezas naturais preservadas. O mar calmo, de temperatura agradável e tons esverdeados, reúne banhistas de todas as idades. À beira-mar, pedras formam pequenas piscinas naturais, nas quais é possível observar peixes e outros animais marinhos. É garantido o relaxamento à luz do sol, que nasce e se põe em um clima de sossego absoluto.

Ao longo de toda a extensão da praia, que não passa de mil metros, a infraestrutura turística segue uma vibe tranquila, sem muita agitação, com bons restaurantes, bares e quiosques e uma orla naturalmente verde para caminhadas revigorantes. Os serviços, no geral, são mais voltados ao ecoturismo, com uma grande variedade de passeios de barco e trilhas. No verão, é possível alugar caiaques e SUPs para curtir o mar de uma maneira ainda mais especial. E não é só: a Praia de Peracanga é igualmente reconhecida pela sua segurança, garantida pelo patrulhamento contínuo.

Vitória

Já na capital, a “Vitória Cidade-Sol, de céu sempre azul”, dos versos do compositor Pedro Caetano, os visitantes experimentam uma gama extraordinária de atrações. Ela é uma das três capitais brasileiras localizadas em ilhas e concentra uma arquitetura histórica valiosa, que conta com o Palácio Anchieta, a Catedral Metropolitana e o Convento de São Francisco, que datam do período colonial e que se mantiveram preservados ao longo dos anos.

E, como se não bastasse a incontestável riqueza histórica e cultural da metrópole, suas praias são vibrantes na mesma medida. Em Camburi, as águas claras e calmas são uma opção atraente para quem deseja nadar, praticar esportes ou simplesmente relaxar ao sol. Única praia em área continental da cidade, Camburi é também a maior delas, com 6 quilômetros de extensão.

A ampla faixa de areia, com boa infraestrutura de quiosques, bares, restaurantes, banheiros públicos e chuveiros, é palco de shows, apresentações culturais e competições esportivas, como o Circuito Mundial de Vôlei de Praia. O ambiente é de leveza e descontração, que faz da orla um dos locais mais procurados pelos turistas. E, para mais fotos marcantes, a dica é o Píer de Iemanjá, também em Camburi. O monumento foi concebido pelo artista grego Iannis Zavoudakis, radicado no Espírito Santo, e traz a seguinte inscrição: “A luz do sol ilumina a terra, a luz de Deus os que têm fé”.

Do popular ao sofisticado, Vitória não deixa a desejar. Na Ilha do Boi, que, na verdade, é um bairro nobre e não uma ilha, ficam casas e prédios luxuosos. No tour, vale a pena considerar uma visita ao tradicional Clube Ítalo Brasileiro. O espaço tem quase 30 mil metros quadrados de área de lazer, com restaurantes, churrasqueiras, salão de festa, piscina e sauna. A Praça dos Namorados, com feirinha de artesanato, também merece entrar para o roteiro.

Paisagens arrebatadoras? Marque a Ilha do Boi. As praias, embora tenham nomes pouco convidativos, são conhecidas por encantarem visitantes de todo o país. Praia da Direita e Praia da Esquerda estão entre as mais conhecidas, assim como a Ilha do Frade. Em comum, além da pequena extensão, têm a tranquilidade e o visual, que ficam guardados na memória.

Seja para curtir o sol, surfar, caminhar pela orla ou experimentar a gastronomia local, não deixe de marcar presença na Praia do Canto, famosa por sua faixa de areia larga, mar de águas calmas e cristalinas, coqueiros e amendoeiras. O cartão-postal natural contrasta com a parte urbana, bastante movimentada e com muitas opções de lazer. A infraestrutura de serviços é completa, com hotéis, quiosques, bares, restaurantes, lojas, shoppings, galerias de arte e cinemas.

Vila Velha

Assegurar que o Espírito Santo é mesmo surpreendente é das tarefas mais fáceis, e, em Vila Velha, isso fica ainda mais explícito. Com seus 488 anos, a cidade é a mais antiga do estado e recebe o título de capital histórica. Construções como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário — considerada um marco da colonização —, o Farol Santa Luzia e o Convento da Penha, @conventodapenha estão entre os tesouros guardados com orgulho pelos “canelas-verdes”. Até nisso a cidade exala história. O apelido é dado aos nativos de Vila Velha e foi criado pelos indígenas, no início da colonização capixaba, para se referirem aos primeiros colonizadores. Reza a lenda que a grande quantidade de algas marinhas na costa manchava de verde as calças dos portugueses quando desembarcavam.

Hoje, o litoral de Vila Velha enche de cor, anualmente, a alma de milhares e milhares de visitantes, como acontece na Praia do Costa. De areia fina e mar azul, ela é uma das mais famosas por lá. Ao longo dos seus cerca de 5 quilômetros de extensão, é possível conferir a água em diferentes versões, que vão de calma e tranquila a agitada e com ondas fortes, para a diversão de toda a família.

A urbanização e a excelente infraestrutura são um marco. O calçadão movimentado e as lojas, que atendem os turistas com variados serviços, completam a orla, que recebe eventos culturais e esportivos com frequência. Nos bares, restaurantes e quiosques, peixes e frutos do mar são a melhor pedida para desfrutar da marcante culinária capixaba.

À medida que nos aproximamos das areias da Barra do Jucu, o urbano vai dando lugar ao bucólico. A praia é exuberante, com paisagem natural preservada e ondas perfeitas para a prática de surfe. O mar tem uma cor mais escura, em função do encontro com as águas do Rio Jucu, e guarda os segredos de uma antiga vila de pescadores. Na areia fofa, os dias de sol se convertem em um convite irresistível às trilhas ecológicas, que levam turistas para explorar a região e conhecer a fauna e a flora locais.

Para mais um pôr do sol no diário de bordo, o Farol de Santa Luzia promete e entrega uma experiência memorável. A cerca de 1 quilômetro da Praia do Costa, o cartão-postal de Vila Velha é a montagem mecânica mais antiga do Espírito Santo e proporciona uma vista privilegiada da Baía de Vitória. Além da paisagem estonteante, os turistas se encantam, ainda, com uma área de exposição permanente de nós, mirantes com lunetas, sala de memória com objetos e parte da história do farol, além de um centro de informações turísticas com exposição do artesanato local.

Domingos Martins

Arrematando as maravilhas capixabas, a cidade se apresenta com classe, servindo um típico clima de montanha acompanhado de resquícios da imigração alemã e italiana. As temperaturas mais amenas atraem casais em clima de romance, enquanto o ecoturismo desperta o interesse dos mais aventureiros.

O passeio pelo Parque Estadual da Pedra Azul, @pe.pedraazul é daqueles imperdíveis. Os 1.240 hectares são de beleza indescritível, com a nascente do Rio Jucu, lagos, cachoeiras e piscinas naturais, além de uma fabulosa biodiversidade. É lá que se encontra uma vasta população da Cattleya granulosa, uma espécie de orquídea rara e ameaçada de extinção, também conhecida como “orquídea chocolate”, muito procurada por colecionadores.

Curiosidades à parte, no parque, a grande atração é a famosa Pedra Azul, uma formação rochosa com cerca de 1,8 mil metros de altitude, que se destaca no horizonte por seus diferentes tons de azul, que variam conforme a incidência solar. Em seu entorno, trilhas autoguiadas deleitam os amantes de trekking. A subida ao topo da pedra é permitida mediante agendamento gratuito no Portal de Agendamento do Governo do Estado. O acesso é por escalada em rocha e exige, além de experiência, o uso de equipamentos de segurança. Também é possível contratar guias capacitados e especializados na condução de visitantes menos experientes. Para os que aceitam o desafio e topam o esforço, a recompensa vale mais que ouro e reluz aos olhos. A vista é panorâmica e contempla toda a região montanhosa circundante, com incríveis paisagens naturais. Mais um espetáculo divino do Espírito Santo.