Mandioca, aipim ou macaxeira? - Revista Meu Clube Bancorbrás

Mandioca, aipim ou macaxeira?

Mandioca, aipim ou macaxeira?
Seu nome varia conforme a região, mas, se tem algo que é uma constante, é a paixão dos brasileiros por essa raiz tão popular e apetitosa
19 de abril, 2023

Presente em nossas terras antes mesmo da chegada dos europeus, esse tubérculo tão frequente na mesa dos brasileiros é polivalente não apenas no nome, mas também em seus modos de preparo. Afinal, ele compõe pratos doces e salgados e vai bem do café da manhã ao jantar. Pode até parecer exagero, mas não é. A vaca atolada, o escondidinho, o bolo, o pudim, a tapioca e até o polvilho, essencial para se fazer o famoso pão de queijo, vêm da mandioca. De norte a sul do país, encontramos receitas que têm esse alimento como ingrediente principal.

Nordeste/Aracaju

O título de menor estado do Brasil não coloca Sergipe atrás de qualquer outro quando o assunto são belezas naturais e passeios inesquecíveis. Isso porque em Aracaju, capital do estado, além de visitar belíssimas praias, é possível se aventurar por cânions, grutas, rios e lagoas. E, em se tratando de comida, a cidade também sai na frente com uma gastronomia diferenciada. Típico da culinária litorânea nordestina, o pirão de farinha de mandioca pode ser encontrado em muitas praias do Brasil, mas é em Aracaju que está a melhor versão dessa iguaria. A mistura da farinha com a água do cozimento da carne formam o pirão, uma papa viscosa que acompanha grande parte dos pratos. Ela pode ser feita de peixe, camarão e até de galinha caipira, o famoso “pirão de mulher parida”. Não se sabe ao certo se é originária do Brasil, de Angola ou de outro local, mas estudos apontam que a cultura indígena foi responsável pela sua popularização. Ao chegar em Aracaju, aproveite para conhecer os bares e os restaurantes do litoral entre a Praia de Coroa do Meio e a de Mosqueiro e se deliciar com o pirão mais famoso do país.

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Tradição: a maniçoba tem origem ídigena e carrrega sabor marcante

Sudeste/Belo Horizonte

Considerada como paraíso gastronômico, Belo Horizonte é, sem dúvida, parada obrigatória no roteiro de quem deseja mergulhar na cultura por meio da culinária. Dos mais deliciosos queijos a renomadas cachaças, essa viagem é uma oportunidade para se imergir nos segredos da cozinha mineira. E, já que estamos falando de delícias, não podemos deixar de citar a famosa vaca atolada. Típico da região, o prato atravessa gerações e leva ingredientes simples, como a costela bovina e a mandioca. Sua receita diz muito sobre a história não apenas de Minas Gerais, mas de todo o Brasil. Segundo relatos, ela vem das antigas comitivas de tropeiros que andavam pela região em busca de ouro. À época, era comum que levassem em seus embornais carnes mergulhadas em gordura, para garantir a alimentação durante o percurso. Os períodos de chuva, quando os animais atolavam e o grupo era impedido de seguir viagem, consistiam no momento ideal para prepararem a proteína, acompanhada por mandiocas colhidas pelo caminho. A receita era tão boa que acabou virando paixão nacional. Deguste a vaca atolada em polos gastronômicos da cidade, como nos bairros de Savassi e de Santa Inês, na Rua Sapucaí ou no centro. Opções não faltam no paraíso dos botecos.

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Vaca atolada, preparo típico da culinária caipira mineira, atravessa estados, especialmente na região Nordeste

Norte/Belém

Fundada em 1616, a capital mais antiga da Amazônia, Belém, é conhecida por suas muitas atrações históricas, seus passeios ao ar livre, e, claro, por uma experiência culinária diferente de tudo a que os visitantes estão habituados. No mercado Ver-o-Peso, é possível experimentar inconfundíveis sabores amazônicos, como o açaí, o pato no tucupi e a famosa feijoada dos paraenses, a maniçoba. Composta pela maniva – folha da mandioca moída – e pelas mesmas carnes utilizadas na receita tradicional, ela está há séculos nas mesas dos nativos. Apesar de rica em cálcio, ferro, vitaminas e proteínas, a maniva é extremamente tóxica e, por isso, precisa ser cozida por pelo menos 7 dias antes de ser consumida. E como surgiu essa iguaria tão típica? Alguns dizem que é fruto de tradições africanas, outros que sua origem é indígena. Há, ainda, os que creem derivar da miscigenação dos dois povos. O fato é que a receita é passada, de geração em geração, como uma espécie de herança da tradição local. Por isso, quando for a Belém, não deixe de apreciar esse que é um dos mais valiosos patrimônios do Pará.

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Na Estação das Docas, ponto turístico de Belém, é possível comer uma deliciosa maniçoba

Sul/Curitiba

Curitiba, tida como uma das mais bonitas metrópoles da América Latina, oferece inúmeras atrações para seu turista. Uma delas é o famoso Jardim Botânico, que se tornou cartão-postal da cidade. No mesmo local, é possível conhecer o Museu Botânico, que exibe diversas espécies de plantas que são referência nacional. Após fazer o tour pelo parque, que tal conhecer um pouco mais sobre a gastronomia curitibana? No Mercado Municipal, além de iguarias de diversos países, você poderá experimentar o barreado, prato genuinamente sulista, composto por carnes magras e de segunda. Como parte da receita, está o ato de “barrear a panela”, ou seja, de formar uma massa espessa, composta por farinha de mandioca e água, que veda completamente o recipiente. Dessa forma o alimento cozinha lentamente, ganhando um sabor único.

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Sudeste/Guarapari

Guarapari, no Espírito Santo, é famosa por suas mais de 50 praias e pela hotelaria exemplar que atende a todos os tipos de públicos. Agitada e com excelentes opções de alimentação, é um destino para se conhecer em qualquer época do ano. Além das atrações costeiras, o viajante pode visitar o Parque Municipal Morro da Pescaria, os manguezais e as belas cachoeiras que existem por lá. Nos restaurantes e bares mais badalados, pratos deliciosos e cheios de história dão o ar da graça. Entre eles, especial destaque deve ser conferido à moqueca capixaba e ao célebre bolinho de aipim. Este último, inclusive, de tão gostoso, já se tornou nacionalmente conhecido e replicado. Com os mais diferentes recheios, como carne moída, frango, camarão com queijo, calabresa e pizza, ele atrai apreciadores da boa culinária provenientes de várias partes do Brasil e do mundo.

Moqueca vem da expressão “moquém”, que se trata da grelha de varas que os índios utilizavam para assar o peixe em folhas de bananeiras
Moqueca capixaba: o segredo do sucesso do prato típico do Espírito Santo é colocar é colocar a farinha de mandioca, aos poucos, no caldo

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