Passeio arretado de bom - Revista Meu Clube Bancorbrás

Passeio arretado de bom

Passeio arretado de bom
Além de suas belas praias, o Nordeste brasileiro oferece surpreendentes opções de turismo, como os Cânions do Xingó, que misturam história e natureza
4 de maio, 2023

Entre Sergipe e Alagoas, as curvas sinuosas do Rio São Francisco compõem uma das maiores maravilhas naturais do Nordeste brasileiro: os Cânions do Xingó, quinto maior conglomerado desse tipo do mundo – e o mais navegável. Seu curso é marcado por admiráveis paredões de rocha de até 50 metros de altura, esculpidos por presumidos 60 milhões de anos de ventos e ações climáticas. Em alguns locais, a profundidade das águas é de quase 200 metros.

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Cânion do Rio São Francisco: um dos principais passeios ocorre nas águas do Velho Chico. Impressionam as rochas areníticas, que parecem ter sido talhadas à mão

Cânions do Xingó

Um dos pontos de partida para essa incrível jornada rumo aos Cânions do Xingó é o município de Canindé de São Francisco, em Sergipe, a cerca de 2 km ao sul da Usina Hidrelétrica de Xingó. Para chegar lá, você pode percorrer 193 km pela rodovia SE-230, a partir da capital, Aracaju. Se for sair de Maceió, uma alternativa é atravessar 292 km pelo interior de Alagoas, pela AL-220. A exploração, por sua vez, pode ser feita por via terrestre, às margens do rio ou em embarcações. Neste último caso, saia da Prainha de Canindé de São Francisco, que conta com diversas pousadas e restaurantes para acolher os turistas antes e depois do passeio hidroviário pelo “Velho Chico”. Durante o trajeto, o contraste entre o tom verde das águas e o alaranjado das rochas compõe um cenário inesquecível.

O traslado padrão para se explorarem os 65 km de maravilhas naturais dura em torno de 3 horas. Destas, as 2 primeiras horas são de navegação pelo rio – ida e volta –, em barcos equipados com banheiros e duchas, além de lanchonete com bebidas geladas, camarão e espetinhos. Os 60 minutos restantes são destinados ao banho na Gruta do Talhado (ou Paraíso do Talhado). Pode ter certeza: de todas, essa é a melhor vista do passeio. Além de dar um belo mergulho, é possível fazer pequenos trajetos de canoa ou lancha pelos pontos mais exuberantes dos cânions. Não deixe de reparar nos paredões que se descortinam e submergem no lago. Outros municípios de onde partem o tour são Delmiro Gouveia, mais acima do rio, ou Olho D’Água do Casado, a 20 km, ambos em Alagoas.

Não importa quando o turista vai conhecer os Cânions do Xingó. O ano todo é propício para passeios e banhos relaxantes nas águas que recobrem os paredões de rochas. Se for de maio a junho, as chuvas prometem paisagens inesquecíveis e uma temperatura mais amena, por volta dos 27 graus Celsius. De setembro a março, as praias estão garantidas para você se refrescar do forte calor. Mais ao sul, o Mirante do Talhado, próximo a Olho d’Água do Casado, oferece um bônus: os turistas podem apreciar ângulos inéditos dos cânions. Fora da água, com alguma sorte é possível encontrar flores de cores vibrantes enfrentando a sequidão e sol escaldante e atestando o patrimônio natural incalculável de toda a região. O Rio São Francisco tem cerca de 2,8 mil km de extensão. Sua nascente fica na Serra da Canastra (MG) e sua foz no Oceano Atlântico, entre Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL). Esta última é circundada por dunas douradas que proporcionam divertidos passeios motorizados em uma área de proteção ambiental. Outra alternativa igualmente atraente é fazer o caminho inverso do litoral até os Cânions do Xingó. Vinte e sete quilômetros a noroeste está a histórica Penedo, onde nasceu o primeiro povoado do estado. Seus museus e igrejas remontam aos séculos XVII e XVIII, como é o caso da Nossa Senhora das Correntes, decorada com azulejos trazidos pelo império português e tombada pelo Iphan como patrimônio da arquitetura barroca.

DELMIRO GOUVEIA
O circuito fluvial começou a existir graças aos alagamentos provocados pela usina hidrelétrica

Rota do Cangaço

O sertão nordestino foi pano de fundo para o movimento nacional denominado cangaço, que tem como herói o famoso Lampião. Até os dias atuais, sua história desperta a curiosidade do público, que busca a chamada Rota do Cangaço para conhecer um pouco mais sobre seus feitos. É uma importante alternativa de turismo cultural que ajuda a preservar a memória e o patrimônio da região. O Rio São Francisco também pode levar a esse atrativo. O percurso hidroviário, que separa os estados de Alagoas e Sergipe, parte de Porto de Piranhas e é feito por catamarãs, pequenas embarcações ou lanchas. Para percorrer o caminho, recomenda-se o reforçado café da manhã nordestino servido nas pousadas locais: cuscuz, tapioca, queijo coalho, macaxeira (mandioca ou aipim, conforme a região) e outros quitutes típicos. 

O trajeto proporciona vista magnífica para as praias fluviais, que contrastam com o árido da Caatinga. Após cerca de meia hora de navegação, uma parada na outra margem leva à Fazenda Angico, já pertencente ao município de Poço Redondo/SE. Lá fica a Grota do Angico, onde Lampião foi morto com a companheira, Maria Bonita, e parte de sua trupe. Ela está situada na unidade de conservação Monumento Natural do Angico (Mona). Quem optar pelo passeio de quase 1 km, floreado com mandacarus, umbuzeiros e xique-xiques, terá a companhia de guias com trajes típicos que instruem e divertem o público com histórias e curiosidades sobre o cangaço. Após o percurso, para seguir para parques particulares, parte-se do mesmo local, na Prainha de Piranhas. Uma dica é reservar pelo menos 2 dias para a aventura, realizando o passeio dos Cânions do Xingó em um dia e a Rota do Cangaço no outro. Assim você marcará em sua lista de viagens essa aventura por um Nordeste que vai além do litoral.

PIRANHAS:
Piranhas: as construções e casinhas coloridas dos séculos XVII e XVIII levaram o Iphan a conceder à cidade o título de Patrimônio Nacional

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