No semiárido do Piauí, existe um lugar onde a Caatinga se transforma, resiste e floresce. O Parque Nacional da Serra da Capivara, distante 530 km da capital, Teresina, faz fronteira com duas formações geológicas, com serras, vales e planícies cheias de história. Nele, a biodiversidade, por si só, é um espetáculo para os olhos, podendo-se ter um contato bem próximo com sítios arqueológicos e animais ameaçados de extinção.
O parque foi criado em 1979 com o objetivo de preservar as primeiras evidências da presença do homem na América do Sul. São mais de mil pontos repletos de instrumentos de pedras lascadas, esqueletos humanos e pinturas rupestres, a maioria feita entre 6 mil e 12 mil anos atrás.
Em 1991, o local foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). A serra possui aproximadamente 130 mil hectares e é cercada por quatro municípios: Coronel José Dias, João Costa, Brejo do Piauí e São Raimundo Nonato. O último é o mais indicado para começar a aventura.
Aproximadamente 200 sítios organizados em circuitos são abertos ao público, que é sempre acompanhado por um guia credenciado. Cada um une pré-história e ecoturismo de maneira única. O Boqueirão da Pedra Furada é o mais visitado e representa uma volta ao passado da humanidade.
Em cada passo, é possível avistar pinturas rupestres e outros vestígios da presença de nossos ancestrais. Instrutores ajudam na compreensão do significado dos desenhos. Sem grandes esforços, o visitante chega à Pedra Furada, cartão-postal da Serra da Capivara. Aqueles com mais disposição podem subir até o mirante, no alto da rocha, para contemplar uma vista inesquecível.
Outro passeio recomendado é o do Desfiladeiro da Capivara, que tem como chamarizes o fácil acesso e as belezas típicas. Especialistas sugerem que a área tenha servido de abrigo para nossos antepassados. Aproveite para observar de perto as rochas sedimentares, formadas ao longo de milhões de anos.
Nessa ampla área, estão preservadas outras centenas de sítios históricos. Na Toca do Caldeirão de Rodrigues, existem vestígios de fogueiras que datam de 18 mil anos atrás. Lá, percorra o Caminho dos Maniçobeiros. A trilha foi criada para homenagear o grupo que vivia da coleta da maniçoba, árvore típica do semiárido, e mostrar a importância cultural, econômica e histórica do ciclo da extração da borracha.
Além de história, o parque conta com muita aventura. Trilhas, das mais simples às mais complexas, levam o visitante a mirantes, vistas panorâmicas e até fundos de garganta e fendas. Destaque também deve ser dado para Veadinhos Azuis, circuito que abrange quatro pontos pré-históricos com desenhos na coloração azul, descobertos apenas no Brasil. Já a Toca do Inferno serve de parada estratégica para avistar paisagens espetaculares da Caatinga.
A fauna na Serra da Capivara é bem variada, então muitas vezes o silêncio será quebrado por algumas das centenas de espécies de aves do lugar. Veados-catingueiros, porcos-do-mato e tatus-bola fazem igualmente parte da comunidade. A melhor forma de terminar o dia é observando, no fim de tarde, as andorinhas, que descem para os seus abrigos nos cânions. É um belo espetáculo da natureza!
Para uma visão ainda mais abrangente, vale visitar dois museus. O Museu do Homem Americano mostra os resultados de mais de quatro décadas de pesquisas realizadas na região do parque. Já o Museu da Natureza oferece aos visitantes uma imersão na fauna e na flora locais.
Em Parnaíba, a 369 km de Teresina, encontra-se o Delta do Parnaíba, o terceiro maior encontro de um rio com o mar do mundo. Além de acontecer no Brasil, esse raro fenômeno ocorre apenas no Vietnã, com o Rio Mekong, e no Egito, com o Rio Nilo.
A área forma mais de 70 ilhas. A dica é fazer um passeio de lancha, que leva o visitante para ver de perto igarapés, mangues, dunas e pássaros vermelhos. O ponto de partida é o Porto dos Tatus, divisa do Piauí com o Maranhão. Uma das paradas é a Barra das Canárias, na qual dunas encontram o rio. Dá para caminhar pelas areias brancas ou mergulhar para relaxar e amenizar o calor.
À tarde, o turista tem um compromisso pontual: assistir, às 17h, no Morro do Meio (Baía do Caju), à revoada dos guarás. Eles vão rumo a uma ilhota e se empoleiram ao pôr do sol. Um raro e inesquecível espetáculo da natureza.
Com apenas 66 km de extensão, o litoral do Piauí é o menor do país. Talvez por isso é que não seja um dos destinos mais procurados do Nordeste, tendo, assim, muito a oferecer ao turista em busca de tranquilidade. Em Barra Grande, pequena vila de pescadores no município de Cajueiro da Praia, a 70 km de Parnaíba, encontram-se praias de águas quentes e limpas o ano inteiro.
Outro atrativo da região é a Rota Ecológica do Cavalo-Marinho, criada por uma associação de moradores. Ela percorre o Rio Camboa, passando por mangues, nos quais é possível admirar o voo de garças-brancas e garças-azuis.
Entre as mais visitadas também está a Praia do Coqueiro, a cerca de 3 km do centro da cidade de Luís Correia. É uma excelente opção para ir com a família e os amigos, devido às suas águas com as mesmas características das de Barra Grande e às piscinas naturais que se formam quando a maré está baixa, ideais para crianças. Por contar com ventos fortes ao longo do ano, o local costuma ser muito frequentado por praticantes de kitesurf. Na hora da fome, a dica é experimentar uma iguaria regional em um dos bares e restaurantes espalhados por toda a área.
Para quem busca um programa mais bucólico, é indispensável conhecer a Praia Pedra do Sal. Distante 15 km do centro de Parnaíba, ela agracia os visitantes com simplicidade e mistérios. As formações rochosas separam o mar em dois, um agitado e outro de águas tranquilas. Reza a lenda que, em meio às pedras, existem tesouros escondidos e que objetos voadores já foram vistos. Folclore ou não, o fato é que a paisagem é irresistível. Destaque para o farol do século XIX, que decora o horizonte. Aguarde para ver o pôr do sol, um dos mais belos do Piauí.
Claro que não poderíamos deixar de falar da culinária do Piauí. Pratos à base de carne de sol, galinha cabidela e carne de bode são algumas das iguarias desse pedacinho do Nordeste. Vale experimentar a Panelada Piauiense, muito procurada por quem quer repor as energias. Ah, e não vá embora sem provar a cajuína, bebida típica local, considerada como patrimônio cultural do estado. Ela é produzida a partir do suco de caju e tem uma coloração caramelizada por causa do açúcar natural da fruta. Experimente.
O Parque Nacional da Serra da Capivara revela enigmas pré-históricos que encantam a cada passo. No litoral, pequenas praias onde a calmaria impera dão o tom das férias
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