Um paraíso na Terra, desenhado em areia e água doce. O destino não poderia ser outro: Lençóis Maranhenses. O éden brasileiro fica no litoral do Maranhão, a 250 quilômetros de São Luís, e é o grande propulsor do turismo no estado. O cenário que predomina é de belezas naturais exóticas, garantia de experiências fabulosas e memoráveis.

Para se ter uma ideia, a área principal, chamada de Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem incríveis 155 mil hectares de área e é considerado o maior campo de dunas da América do Sul. É uma imensidão de areia em que caberia toda a cidade de São Paulo e que abriga uma zona de transição entre os biomas Cerrado, Caatinga e Floresta Tropical. Não à toa, é gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

O local tem fama mundial, representando um verdadeiro patrimônio nacional. E com razão. Moldados pelos ventos e pelas chuvas, os montes de areia estão sempre em processo de mudança, e podem ultrapassar os 40 metros de altura.

Surpreendem, ainda, as lagoas de águas cristalinas, em tons que vão do verde ao azul-turquesa. Elas são formadas pelas chuvas que caem na região no primeiro semestre do ano. Entre janeiro e março, o parque
chega a ficar com mais de 36 mil dessas lagoas, espalhadas por toda a sua extensão. Algumas se destacam ainda mais, como a Lagoa Azul, a Lagoa Bonita, a Lagoa da Esperança, a foz do Rio Negro, a Lagoa Verde, a Lagoa da Gaivota, a Lagoa da Betânia e a Lagoa das Emendadas.

O tamanho, a forma e a profundidade variam, havendo opções para o deleite de todos, desde as crianças, que se divertem nos poços pequenos e rasos, aos mais aventureiros, que jamais se decepcionam com os extensos e profundos. Em comum, um convite irresistível à contemplação e ao relaxamento.  O poético nome “Lençóis Maranhenses” deve-se à sua semelhança a lençóis emaranhados, decorrente do contraste entre os vastos espaços de areia intercalados com a água.

ENCANTOS VIVOS

Contrariando o óbvio, os Lençóis Maranhenses abrigam flora e fauna ricas, devidamente adaptadas às condições extremas do ambiente semiárido e às transformações sazonais típicas do lugar. O conjunto é bem o retrato da região: exótico e único. A vegetação é composta principalmente por espécies resistentes à seca e adaptadas à areia, como arbustos, gramíneas e algumas árvores. Nas áreas próximas ao mar, há a Restinga, sendo seus representantes adaptados a solos arenosos e salinos.

As lagoas, que parecem espelhos, servem de lar para pequenos peixes, como os piauís, que se adaptaram às características singulares da região. O peixe-lobo, também conhecido como peixe-tigre, por sua vez, permanece dormente na lama na seca, reemergindo na estação chuvosa. Nesta época aparecem, ainda, garças, colhereiros e outros animais, atraídos pela água, que usam para se alimentar e reproduzir.

E não é apenas esse tipo de vida que habita o deserto à brasileira. Andando pelas areias finas, é possível se deparar com seres humanos nômades em casas de palha. Seu endereço muda, em média, a cada 2 anos ou sempre que seus abrigos são encobertos pela areia.

PORTAS ABERTAS PARA O EXTRAORDINÁRIO

Para apreciar tantas maravilhas, inicialmente, o desafio é definir por onde começar, se por Barreirinhas, Atins ou Santo Amaro – municípios estratégicos para acesso ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. A escolha não é fácil, afinal, a visita a partir de qualquer uma dessas cidades é certeza de deslumbramento.

Barreirinhas é a maior das três e recebe visitantes há mais de 25 anos. A infraestrutura turística é desenvolvida, com rede hoteleira que oferece desde pousadas simples até resorts com mais luxo. A
culinária local oferece pratos regionais, com destaque para aqueles elaborados a partir de frutos do mar frescos. A cidade abriga o Rio Preguiças, de onde saem passeios de barco pelos manguezais, permitindo aos turistas apreciar a vida selvagem e as paisagens ribeirinhas.

Para experiências mais rústicas, nada melhor que Atins. Diferentemente de Barreirinhas, a vila é menos desenvolvida, mas, por outro lado, fica à beira da praia. Nos últimos anos, graças às condições do
vento, virou o paraíso do kitesurf, um destino descontraído e badalado. Outro ponto positivo é sua proximidade das dunas e lagoas dos Lençóis Maranhenses, proporcionando aos viajantes acesso direto
a essas que são as principais atrações dos arredores. Os vastos montes de areia se estendem até as margens da vila, criando um cenário espetacular para caminhadas e passeios de quadriciclo.

Já se a preferência for por tranquilidade, a pedida é Santo Amaro, o terceiro dos municípios-base para acesso aos Lençóis. Lá, a atmosfera é de uma genuína vila interiorana. Apesar da relativa dificuldade de acesso, a recompensa são cenários deslumbrantes e mais reservados. A cidade em si é pequena, com uma infraestrutura turística bem modesta, composta, em sua essência, por pousadas familiares, que proporcionam aos viajantes uma estadia mais autêntica e próxima da cultura local.

O MELHOR DE LENÇÓIS

Seja qual for a porta de entrada, os passeios pelos Lençóis Maranhenses se apresentam aos montes. O pôr do sol na Lagoa Bonita, em Barreirinhas, é um dos obrigatórios. É a cereja do bolo de um tour em carros 4x4, com direito a parada em uma duna de mais de 60 metros, feita de mirante. Impossível não se encantar. Outro circuito famoso na região é com destino à Lagoa Azul, que faz jus ao nome pelo incrível tom de sua água. O passeio exige 12 quilômetros de carro e mais 2 de caminhada pelas dunas, um percurso devidamente compensado. O Rio Preguiças também está no itinerário de quem quer conhecer melhor a região. O roteiro inclui paradas em dunas e lagoas conhecidas como Pequenos Lençóis, além do Farol de Mandacaru e a Praia de Caburé, onde uma faixa de areia separa o rio do mar.

Em Santo Amaro, prepare-se para conferir as lagoas mais bonitas de Lençóis. Principal atração da região, elas são a pedida perfeita para banhos refrescantes. A das Gaivotas é a mais famosa, contando com uma paisagem cinematográfica de verdade, tendo servido de pano de fundo para o longa-metragem Casa de
areia, estrelado por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. O circuito Lagoas Emendadas é mais um passeio que merece espaço no tour. Feito a pé, ele dá a oportunidade de contemplar toda a magia da paisagem e, do topo da duna mais alta, é possível se maravilhar com o pôr do sol sob uma perspectiva sem igual. As  lagoas das Andorinhas e do Junco e o passeio à vila de pescadores Travosa também
devem ser incluídos.

Dunas em Barreirinhas, lagoas em Santo Amaro e praias em Atins. Sim, praias! Elas são espetaculares e refletem a beleza natural única dos Lençóis Maranhenses, oferecendo uma experiência diferente dos litorais tradicionais. Sem resorts ou grandes aglomerações, são propícias para longas caminhadas ao longo da costa, regadas a uma paz que você só vai encontrar por lá. As lagoas também são belíssimas, como a da Capivara, a Tropical e a das Sete Mulheres, que estão entre as mais famosas. O Canto de Atins é mais uma parada obrigatória, onde a praia e as dunas juntam-se em um espetáculo para os olhos. Na região, é possível, ainda, provar os famosos camarões na brasa, o prato mais emblemático, servido nos dois restaurantes disponíveis.

PRESENTE E FUTURO EM HARMONIA

Um dos sete concorrentes brasileiros ao título da Unesco de Patrimônio Natural da Humanidade, os Lençóis Maranhenses têm apostado no turismo sustentável. As iniciativas são voltadas para a preservação ambiental, o envolvimento comunitário e a educação dos visitantes. É o que se vê, por exemplo, nas agências de turismo locais, que oferecem passeios guiados que respeitam as áreas mais sensíveis. Os guias são treinados para conduzir os visitantes de forma consciente, respeitando as diretrizes de preservação.

Alguns centros de turismo oferecem informações que incentivam a conscientização ecológica entre os visitantes e colaboram com comunidades locais ao disponibilizarem oportunidades de trabalho, promoverem o artesanato e apoiarem projetos que beneficiam diretamente as famílias.

VALE A PENA SABER

Planeje sua viagem considerando a estação, para aproveitar as lagoas mais cheias e cristalinas. Evite o período de chuvas intensas, de janeiro a maio. O protetor solar é indispensável. Opte pelas versões biodegradáveis para que não haja agressão ao meio ambiente. Não se esqueça, também, de levar roupas leves e confortáveis para o clima quente, além de boné e óculos de sol. Para os pés, opte por calçados confortáveis e resistentes. A areia pode ser irregular e escorregadia.

A hidratação durante os passeios também é indispensável. Abasteça sua bolsa ou mochila com bastante água e com lanches leves, já que nem todos os passeios oferecem opções de alimentação. No que diz respeito aos passeios, planeje-os com antecedência, avaliando a possibilidade de contratar guias locais para conhecer os pontos turísticos mais a fundo.

Respeite a natureza! Não deixe lixo nos locais visitados, siga as trilhas designadas e respeite as normas de preservação ambiental. Nas lagoas, evite nadar com protetor solar, para não prejudicar a qualidade da água. Dê preferência a produtos biodegradáveis.

Quer enriquecer ainda mais a sua viagem? Converse com moradores, aprenda sobre sua cultura e seus costumes e experimente a gastronomia da região. Aproveite sem moderação!