Uma das melhores maneiras de se conhecer um país e um povo é acompanhando suas festas tradicionais. Elas reúnem o que há de mais rico em termos de tradição e, muitas vezes, são usadas para que os habitantes dessas cidades aproveitem alguns dias extravasando toda a energia acumulada ao longo do ano.

Dentre tais festas, há aquelas tão impressionantes que passam a reunir pessoas de vários países, as quais não necessariamente compartilham da mesma cultura ou tradições celebradas, mas que adoram um bom festival cheio de alegria e significado.

Conheça alguns dos principais festivais culturais ao redor do mundo que reúnem estes elementos em celebrações capazes de encantar qualquer um.

Oktoberfest, Alemanha

O maior festival de cervejas do mundo reúne, todos os anos, uma média de 6 milhões de turistas na capital da Alemanha, Munique. Todos eles interessados em experimentar diversas cervejas e festejar ao melhor estilo tradicional germânico.

A Oktoberfest (festa de outubro) foi criada em 1810 para celebrar o casamento do Rei da Baviera, Luís I. Geralmente a festa acontece durante os 16 dias que antecedem o primeiro domingo de outubro. Caso o primeiro domingo seja no dia 01/10, a festa se estende por mais dois dias, para que seja celebrada a reunificação da Alemanha no dia 03. Neste período, são consumidos mais de 7 milhões de litros de cerveja.

Além da cerveja e outras delícias, o festival encanta pela forte presença da cultura e tradição germânica. Nessa comemoração, que muita gente imagina ser destinada a adultos, é muito comum encontrar várias famílias reunidas, com país e filhos celebrando e se orgulhando de serem alemães.

Ao longo de toda a festa, diversas apresentações são realizadas, mostrando a todos as diversas danças folclóricas do país, como a Polca, a Marcha e até a Valsa. Com toda certeza vale a pena reunir a família e os amigos e embarcar nessa linda festa.

Nós, brasileiros, ainda contamos com uma vantagem em comparação aos turistas do resto do mundo: a Oktoberfest de Blumenau é a terceira maior do planeta. Se você quer sentir o gostinho de como deve ser a celebração no país de origem, não precisa ir muito longe.

La Tomatina, Espanha

Esse é um festival que tem ganhado cada vez mais atenção dos turistas e é um tanto peculiar: nele centenas de milhares de pessoas se reúnem na Plaza del Pueblo, em Buñol, província de Valência, para jogar tomates umas nas outras.

Tudo começou quando, em 1945, um grupo de jovens que assistiam ao desfile Gigantes Y Cabezudos pegaram tomates em uma barraca próxima e começaram a jogá-los contra seus amigos. Nesse ano e no seguinte, os participantes dessa brincadeira foram detidos pelo desperdício. A brincadeira, contudo, continuou se repetindo e acabou se tornando uma tradição.

Em 1980 a Câmara Municipal de Buñol assumiu a organização do evento, criando regras e facilidades para que a guerra de tomates se tornasse um atrativo turístico para a cidade.

Os participantes compram os ingressos no site oficial do evento. Às 9 da manhã, os primeiros participantes começam a chegar. Como esquenta para festa, uma espécie de pau de sebo é hasteado com um presunto no topo. Os mais animados já começam a se divertir aí, disputando quem será o primeiro a alcançar o pedaço de carne.

À medida que as pessoas chegam, os moradores de Buñol dão vazão a uma outra tradição: jogar baldes d’água nos participantes. Às 11:00, a batalha começa e, durante uma hora, a única preocupação dos presentes é alvejar o máximo de pessoas com os tomates que têm à disposição.

Para que não falte munição, a organização do evento disponibiliza 150 mil tomates maduríssimos, que já não estão próprios para consumo e que devem ser esmagados antes de atirados, evitando qualquer lesão aos demais participantes. No fim da batalha, o “molho de tomate” toma conta do chão da Plaza del Pueblo, dando ao lugar uma coloração avermelhada única.

Participar do La Tomatina é super barato, o ingresso custa apenas 12 euros.

Holi Festival das Cores, Índia

Outro festival em que pessoas se reúnem para atirar coisas umas nas outras, em uma versão bem menos caótica e muito mais colorida, é o Holi Festival.

Todos os anos a festa marca o fim do inverno e o início da primavera, simbolizando, conforme a tradição hindu, a vitória do bem contra o mal. A festa se estende por toda a Índia e se assemelha bastante ao nosso Carnaval, com pessoas de várias nacionalidades, etnias e classes sociais festejando juntas ao som de muita música.

O principal diferencial da festa é o uso de tintas em pó de várias cores que são lançadas no ar, cobrindo todos os presentes e gerando uma atmosfera linda neste evento carregado de significado e tradição.

Um fato curioso sobre o evento é que as cores não são escolhidas aleatoriamente, mas conforme o sentimento que se deseja transmitir. O amarelo representa humildade e saúde; o laranja, otimismo; o azul, calma; o vermelho, pureza, fertilidade e beleza; o rosa, amor; e o verde, vitalidade.

Noites Brancas de São Petersburgo, Rússia

Visitar São Petersburgo em datas próximas ao solstício de verão é uma oportunidade única na vida de muitas pessoas. Durante este período, na cidade, que está muito próxima ao círculo polar ártico, as noites parecem não chegar nunca.

Isso acontece devido à inclinação dos eixos da terra durante o verão, fazendo com que cidade sofra uma incidência muito maior de raios solares, o que impede a chegada completa da noite, um fenômeno chamado Noites Brancas.

Neste cenário, de um céu lindo — nem escuro, nem claro — os russos de São Petersburgo aproveitam várias atrações nos arredores do rio Neva. Durante as festividades, as pontes são levantadas e rio é tomado por várias embarcações que oferecem as mais diversas atividades e passeios que passam por pontos importantes da cidade, como o museu Hermitage, um dos maiores do mundo, e a Fortaleza de Pedro e Paulo, marco inicial da cidade.

Dentre as principais atrações, estão o espetáculo de música e dança que acontece anualmente no Teatro Mariinsky, chamado “Stars of the White Nights Festival”, que costuma começar no ápice da claridade da madrugada, às 2h da manhã.

Enquanto não “amanhece”, as ruas de São Petersburgo ficam tomadas pelas atrações artísticas e os bares e restaurantes ficam cheios, não sendo difícil encontrar o que fazer durante o fenômeno que serviu de inspiração para Dostoiévski no romance Noites Brancas.

Festival de Parintins, Amazonas

O Brasil não está fora da rota de grandes festivais. Além do Carnaval e das festas juninas, outra grande festividade do nosso país é o Festival da Ilha de Parintins, no Amazonas.

Os desfiles no Bumbódromo, que marcam a disputa entre os bois-bumbás Caprichoso e Garantido, reúnem turistas de todo o planeta e transformam a cidade em um lugar completamente dedicado a isso.

A festa, uma adaptação do Bumba Meu Boi maranhense, mostra muito da potência cultural do norte do país em uma espécie de “carnaval de arena”. A disputa entre os bois é feita em desfiles e o vencedor é escolhido seguindo critérios artísticos.

Além dos desfiles, o festival reúne grandes nomes da música brasileira. Outro motivo de grande encantamento para os turistas é a maneira como a cidade se divide completamente para torcer pelos bois, uma divisão que se assemelha muito à de Porto Alegre em dia de Grenal.

O festival de Parintins é uma excelente oportunidade para conhecer uma cultura que, infelizmente, não tem grande destaque no cenário nacional, mas que irá encantar pela paixão que move uma cidade inteira em torno de suas tradições.